Muitos conhecem inúmeras historias da segunda guerra mundial. O império Nazista, as atrocidades em Hiroshima, Nagasaki e vários outros lugares incluindo campos de concentração. Mas e Sant’Anna di Stazzema?
Quantos de nós já ouvimos esse nome? Quantos de nós sabemos a sua história? Pois é, em plena Toscana, lugar de tanta magia, lindos lugares e tantos amores, temos uma história triste para contar.
Resolvi apresentar a vocês um lugarejo lindo. Que do alto da colina ao mesmo tempo que possui uma vista incrível da Vesilia, possui também uma das histórias mais trágicas, mais vergonhosas, mais covardes de toda a Itália.
Per non dimenticare (para não esquecer). Não esquecer para que não volte a acontecer. Apresentarei a vocês a vila, sua História, passado e presente, e também como foi minha visita a este lugar. Mas não será possível tudo de uma só vez. Então começarei, nesta publicação, a contar como Sant’Anna apareceu em minha vida.
Espero que me acompanhem nestes dias. Que gostem de conhecer mais uma cidade Toscana e sua História, e sim, mais um lugar que vale a pena conhecer.
Era uma noite de sexta feira em fevereiro de 2016, pré carnaval, a cidade do Rio de Janeiro já a toda com seus blocos na rua, escolas ainda em férias, quando recebi uma mensagem pelo meu messenger, mas em uma das minhas páginas que nada tem haver com Itália e Toscana, apenas meu nome, de um senhor chamado Antonio. Italiano e presidente de uma associação (Associazione I Colori per la Pace), chegou a mim através de contatos em comum com a Associazione Lucchesi nel Mondo, ALNM
Ele estava no Rio de Janeiro e no domingo seguinte marcamos um café para que me explicasse o porquê de ter entrado em contato pedindo apoio da ALNM do RJ. E foi nesse dia que Sant’Anna di Stazzema entrou em minha vida.
Ano das Olimpíadas no Rio de Janeiro. E junto com ela o desejo pela paz mundial. Não é isso que os jogos representam? Não é durante o seu período que há uma suposta trégua entre os países em conflito? Se há realmente não posso afirmar, mas esse sempre foi uma das maiores mensagens dos jogos Olímpicos. Paz. E foi por ela que conheci a cidade que me marcaria para sempre.
O objetivo do nosso encontro foi uma exposição de desenhos feitos por crianças de várias partes do mundo. Todas elas pedindo por PAZ. Alguns desses desenhos bem fortes, feitos por crianças que moram em zonas de conflito, que não sabem se estarão vivas no minuto seguinte. Antonio me apresentou a associação, o projeto e com eles Sant’Anna di Stazzema com toda a sua historia de dor, de clamor pela Paz.
Aceitamos o desafio, alguns meses depois chegaram os desenhos, algumas escolas do Rio participaram nos enviando desenhos de seus alunos.
A exposição foi apresentada durante as Olimpíadas ao mesmo tempo em Stazzema. Aqui no Rio de Janeiro, os desenhos foram expostos no centro da cidade, na Rocinha e também em Niterói. Fiquei responsável pelos desenhos, virem e irem para a Italia, arrumar a mostra, desde a apresentação em grandes cartazes quanto arruma-los de uma melhor forma para a exposição, principalmente na do centro da cidade.
Entrei de cabeça no projeto, coloquei literalmente a mão na massa, cola, desenhos, papeis…. Era Sant’Anna chegando de mansinho. Infelizmente não consegui a divulgação que o evento merecia nos meios midiáticos. Mas me orgulho de ter participado e mostrado um pouco desse projeto tão bonito que é gritar ao mundo o pedido de paz de suas crianças por meio de seus lindos, sinceros e puros desenhos.
Eu antes desse encontro, dessa reunião, não conhecia esse lugar. Tenho sim um blog sobre a Toscana, mas ainda não a conheço toda. Já passei por várias de suas cidades, mas ainda há muito o que conhecer. Na verdade sempre temos o que conhecer. Cada momento é único, mesmo que você já tenha ido ao mesmo lugar várias vezes.
Entre pinceladas por vezes muito escuras e por vezes bem coloridas, rabiscos precisos e dores presentes encontrei crianças fortes. Aquelas que deveriam apenas se preocupar em brincar, imaginar e viver, sabem muito mais do terror, da morte e do que querem realmente para a vida delas, a paz. As cores pela paz.